quinta-feira, 24 de junho de 2010

Domingo sangra

Andando por bairros desconhecidos
Procurando ver outro mundo
Mas é a mesma cidade
No final rodamos em círculos
Nada que nos transporte daqui
Nenhum pássaro que canta
São pombos doentes
Reproduzindo em estruturas de concreto
É uma anomalia
Ferida aberta na terra
De um vazio de domingo
Não conhecemos ninguém
Não há nada aqui
Criamos um calendário
De felicidade nos dias úteis
Adaptamos nossas almas á loucura
Ao ferro e ao aço
Não há o que fica
Somos a ausência constante
Escondendo em um movimento frenético
Não há nada
Os domingos são a prova
Quem agüenta permanecer em casa
Domingos sangram
Domingos tem luz rebatida
Um sol mais fraco
Domingo não brilha
Não conhecemos ninguém
Na segunda nós salvamos
Pensando o que fazer no sábado
Eu não te tolero
Eu não me tolero
Não nos agüentamos
Um só momento de solidão
Desespero suficiente
Nós não podemos pensar
São tantos nãos
Pombos não cantam
Cagam no concreto
Pombos doentes e fedorentos
Trazem pragas
Fomos nós que criamos
Mas ate eles somem
Em um dia de domingo

A carcaça

Faz tanto tempo
Que talvez você não sem lembre
De uma época
Em que era o mais sensato de todos
O que aconteceu
Em que caminho se perdeu
Era o mais esperto
Norte das minhas decisões
Alguma tempestade silenciosa passou
Arrasou tudo
Deixou só os restos
A carcaça

Meu amigo
Talvez não considere
E não aceite meu modo de dizer
Já que ficamos formais
De uns anos pra cá
Mas no meu peito ainda pulsa uma saudade
E porque não amor
Substancia mais forte
Que perdoa erros
A verdade é a maior ajuda
O maior apoio
A melhor gratidão
Não sei em que poço você tem se afundado
Mas nunca é tarde
Eu já tentei te puxar
Você não vê
Você nega o obvio
Seu coração é nobre
Um nobre nunca perde o brasão
Não beba dessa água suja
Não procure o que não te pertence
Seu vôo tem sido tão baixo
Que já não te consideram um titã
Tem descido ao submundo
Tem trazido a peste

Meu amigo
Aqueles sonhos antigos ainda pulsam
Basta ter calma
Seja coerente
O mundo te estende às mãos
Queremos ver te regressar
Nós precisamos
Queremos abrir juntos
O uísque da vitoria
Estourar um champanhe
Embriagar de felicidade
Sabendo que somos
Os senhores de nós mesmos
A nossa propriedade
O nosso direito
O nosso medo e nossa coragem
Só Deus pode nos fazer parar
Com correntes arrebentadas
E corações arrebatados
Meu parceiro meu irmão
Eu não sou escravo
Eu não sou servo
Luto nas cruzadas
Corto cabeças
Mato dragões
E tenho historias pra contar
E você o que tem a me dizer ?

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Por uns instantes

Hoje eu queria escrever uma musica
Antes de começar tudo novamente
Antes de voltar a ser eu mesmo
Queria guardar por uns instantes
Impressões de um sonho

Eu que poderia ser tudo
Que me permiti o mundo
Acreditei no impossível
Acabei voltando a realidades tangíveis

É só o que se pode alcançar
É só no que se pode acreditar

Quem idealiza o improvável
E caminha nas estrelas
Quem discorre sobre a beleza
E enxerga flores no lixo

Não vejo nada
Minha cidade é justa
Meus medos são comuns
Eu sou medíocre
Meu voto é democrático
Eu não sonho
Não vou alem de nada
Leviano e superficial
Repeti textos do jornal

Mas hoje eu queria escrever uma musica
Queria sentir uma indignação latente
E um pouco de amor quem sabe
Que não seja egoísta
Só hoje...
Só por uns instantes!

Minha missão

Posso ver minhas fotos
Sempre rindo
Com amigos do lado
Mulheres lindas
Mulheres inteligentes
Amigos confiáveis
É o que eu tenho
É o que eu sempre tive
Uma família pequena
Uma família coesa
Pais que são amigos
Um irmão sócio
É o que eu tenho
É o sonho de muita gente
Talvez por isso
Não tenha me exteriorizado no luxo
Nas coisas
Nos desejos efêmeros
Que Deus me perdoe
Quando reclamo
Quando sou ingrato
Quando a ambição
Ultrapassa as barreiras do comum
Eu que sou humano
Erro também
Erro demais
Eu que tenho tanta sorte
Não deveria errar
Eu que nasci abençoado
Tenho dever de pensar menos em me fazer
Pois que já nasci feito
E ajudar quem nasceu no chão
Eu que vejo tudo
Do altar de meus sorrisos
Da confiança de meus escudeiros
Não posso chamar ninguém covarde
Eu que não sei o que é estar sozinho
Que fui encorajado desde sempre
Treinado pra vencer
Não conheci a traição
Não senti a miséria
Que outros se decidam por serem juízes
Meu julgamento compreende minha alma
Minha missão é estender as mãos
A quem me pedir ajuda
A quem solicitar o perdão
Eu que sempre fui o primeiro
Acredito em segundas chances!

Outro começo de noite

Outro começo de noite