domingo, 21 de novembro de 2010

Fim

Só quero o mar
O sertão não tem fim
Não tem cor
Após cada quilometro
Sempre mais uma milha
No mar distante
Difícil encontrar uma ilha
Nas tormentas
Tudo jogado a praia
Sempre volta
Na areia o limite do corpo
O que sozinho o homem não ultrapassa
Sertão de florestas
Horizonte inacabado
Eu quero olhar o infinito
O único fim
Onde as aguas
Encontram-se com as estrelas

O poeta e o "vencedor"

Varrendo com a memória
Todos os lugares
Na audácia de prever o futuro
Por conhecer o passado
Tão inocentes os que acreditam saber
Tão prepotentes os que acreditam ter vencido

Nada esta perdido
Nas careiras do vento
Num poeta desconhecido
Falando sobre tudo
Não conhecendo nada
Chega sua obra em caixas
Textos anônimos
Esquecidos
Sem a autoridade do autor
Importando o que foi feito
Desconstrutor humilde de falsas verdades

Ainda vive
Sabe que ninguém sabe
Por isso sabe muito
Não conhece nada
Viveu o mundo

Dias na memoria
Artesanalmente criados
Na violência e inconstância das aguas
Moldando rochedos
Não é ninguém
Por isso é todo mundo
É qualquer um
É o povo
A representação do sentimento humano
O que há de mais sublime
Poeta desconhecido

Quem acreditou vencer
E viveu apenas uma vida
Todos os lugares transformados num mesmo
Vencia cada momento
Sua vitoria própria de não mudar
Ganhou e fechou-se em si mesmo
Homem conhecido que morreu

Poeta desconhecido que perdeu
Despojou-se em cada canto de um preconceito
Levou uma beleza
Vivendo em cada sorriso
Existem ainda senhoras
Que ao anoitecer rezam por ele
E como uma lenda
Contam sua historia
Para as jovens filhas sonhadoras
Em tom de segredo feminino
Das antigas mulheres que na repressão
Olvidaram o amor e aceitaram o poder
O mito viaja as antigas ruas
Sem saber por onde anda
O poeta desconhecido

Homem conhecido
Vencedor que todos localizam
Tumba de faraó
Temida ainda em pesadelos
Nome de ruas
Exemplo de austeridade
Pobre ser que ninguém amou
Mas a todos comprou

Gigantes de cristal

Toda essa droga
Vícios de mentira
De se fazer acreditar
Não há gigante algum
A estrutura é fraca
Irreal
Mentiras dispostas
Em pequenas verdades
Palácio imaginário
Reis dos inocentes
Disseram que poderiam
Porque disseram
Acreditaram
Somente zombies
Realidade saltada aos olhos
Reinos de poeira
Comandantes das palavras
Não são melhores que ninguém
Bacharéis da mentira
Doutores dos tipos ideais
Reinos de poeira
Depressão assoladora
Em dias de verdade incontestável
De qualquer drama humano comum
Da incompetência frente ao mundo
Deus sopra forte destruindo os castelos
Era só imaginação
Estruturas criadas
Em mentes inocentes
Reis que nada governam

Procurando o verão

A gaita que toca
Bob Dilan
Seus cavalos selvagens
Que corriam e se deitavam
Embaixo do sol
Os cavalos selvagens
Pastavam
Voltavam do rio
Deitavam no sol
Todos os cavalos
Corriam e mordiam-se
Saltavam
Grandes arvores
Em vales
Uma fogueira
A gaita
Bob Dilan
O que tocava
Amores distantes
Um viajante
Dono do mundo
Cantava
Sonhos tranqüilos
Noites quentes
Descendo o sul
Procurando o verão

Near

Estou tão cansado
E não sei o que fazer
Queria ir
Mas não sei o que fazer
Ajude -me a voltar para casa
Tudo destruído por algo tão pequeno
Dizendo que está sozinha
Há trés semanas
Dê alguma coisa que eu possa pegar
Te encontro na esquina
A multidão que passa
É só mais uma
Beleza desconstruída
Tijolos desmancham na chuva
Vontade do que um dia poderia ser
Leve – me para casa
Encontre-me na esquina
Estou tão cansado
Tentaram drenar meu sorriso
De longe apertei sua mão
Um resto de força
Mas agora leve-me embora
Tente me iludir
Diga que pertenço á algum lugar
Diga-me que faço falta
Aperte minha mão
Estou aqui por você
Tão perto

sábado, 20 de novembro de 2010

?

Posso explicar
Mil e uma vezes se preciso
Não há problema
Escrevo até um poema
Tão contraditória
Nunca entende
Posso discutir
Dia após dia
Para sempre nunca chegar a lugar algum
Recomeçando todas as manhãs
É assim
Nada posso fazer
Mas posso nega-lá
Inventar defeitos
Ora, o que sou
Se consisto no próprio erro
Negando a mim mesmo
Afim de que me aceite
Em meus estratagemas
Que loucura
Não gosto de mim
Que loucura
Passo o tempo escrevendo um poema
Sobre não gostar de alguém
Sobre gostar de alguém
Sobre nem sei o que
Não há o que entender
Mas fico a explicar
O que não sei
Perdendo meu dia
Em noites valiosas
Repetindo mil vezes
Discutindo
Esforço infrutífero
Negador da minha essência
Do utilitarismo real
Talvez veja mais do que imagino
Talvez seja só esse outro
Errado em si
Fraco guiado pelos sentimentos
Mas é grande o numero de vezes
O real me salta a porta
Vou pelo modelo ideal
Visto-o de certo romantismo
Acredito em mim mesmo
Qualquer coisa que diga
Me responde com um sorriso
Não pertencemos ao mesmo mundo
E eu continuo seguindo
Nas linhas do racional
Romantismo desconcertado
Não me é permitido
Vou com o proletariado
No fim as coisas são assim
Por mais que repita e diga mil vezes
Termina por definir
A origem de cada um
Em um berço desigual
Por isso nego o eu
Acreditando em fadas
Pondo no sentimento valor universal
O amor se transforma em uma situação real
Uma situação real não se transforma
Sonhos acabam
Caindo em minha verdade
Partiria ela
Ficaria eu
Mais sem rumo que de inicio
Porque agora sozinho
Desnorteado
Não, não acredito no eu ilusão
Em busca de um modelo ideal
Que viva a vida
Abaixo das linhas
Do ar condicionado
Dos luxos do mundo
Pois isso
Durante longo tempo
Não poderei prover
As horas são minhas inimigas
Não posso me dar a chance de cair
Mas sei que ei de encontrar
Ela á quem darei a mão
Para construirmos juntos
Vindo das estacas
Aos palácios de sangue e suor
Só quem veio
Para entender
O esforço do dia-a-dia
Salario no fim do mês
Trabalharei uma vida
Para ter o que a outra
Não valorizaria
Mas sei que ei de encontrar
Ela a quem darei as mãos
O modelo certo do eu racional
E sei que há de se desfazer
Essa grande ilusão
Pois difícil se explica o que se sente
Mas fácil se dá razão ao real

Noticia de jornal

Zombie
Andando nas madrugadas
Atravessou as avenidas
Bêbados nas calçadas
Invisível
Olhos vidrados
Lojas de conveniência
Distribuidoras de bebida
Alheio
Percorrendo desilusões
Policiais distantes
Mendigos dormindo
Caminhos desconexos
Fantasma
Sem expressão
Céu vazio
Lua pequena
Noite comum
Tiro as quatro da manha
Ninguém percebe
Corpo desconhecido
Amanhecer
Marquise
Noticia no jornal

Os continentes

Quando sol chegar
nascendo oposto ao mar
em uma tatuagem
com cores fortes
uma carpa japonesa
o simbolo da yakuza
um dragão dos oceanos
a baleia azul
encantadores de animais alados
que ainda assim mergulham
derrubando barcos
voando no céu azul
não se encontram com o marrom da terra
desconhecem as palmeiras
fogem das praias
em uma tatuagem
ondas arrebentando em rochedos
Sou o marinheiro
sou tudo
eu atravesso os continentes

Me arrebento

Você chora
e eu me arrebento
gastando tempo
pensando sobre isso
quando é apenas óbvio
pegando de volta as palavras
esquecendo as besteiras
desculpas esfarrapadas
quis me enganar
quando penso sobre isso
voce chora
e eu me arrebento
gastando tempo
negando os dias
esperando entrar pela porta
eu não me importo
mas se eu penso que voce chora
eu me arrebento

domingo, 14 de novembro de 2010

Livre concepção

Nada se constrói em sentidos
Disparado em um fluxo cortante
Navalha que perfura a pele
Rasga meus instintos
Molda o comportamento
Destituindo sonhos antigos
Caminho na construção de não sei o que
Esse não sou eu
Não são minhas aspirações
Nadando para baixo
Em um rio profundo
A fim de sepultar se
La vai minha alma
Com liberdades
Dias desprogramados
Interpretação aberta
Fica só meu corpo
E a razão
De leituras sem fundo
De aspectos técnicos
Traindo a livre concepção
Do que é viver

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

101

É só o que eu posso dizer
Estou pronto agora
Satisfeito
Quero tentar de tudo
Porque andei no meu carro
Atravessei uma madrugada
Bebemos ate cair
Vimos o dia nascer
Isso
O melhor do proibido
Com bastante libido
Antes de ouvir Rolling stones
Beatles era legal
Mas nada disso importa agora
Por mim tanto faz
Uma tatuagem e a estrada
Cortando na noite da via láctea
Aproximando o cruzeiro do sul
Descemos a 101
É a 101
Meu bem
A esquerda o oceano
Lado ao lado com o infinito
Sou um pouco de uísque
Imitando Mick Jaeguer
Nem o cinema nos supera
Não há quem nos alcance
É a nossa história
Dirija enquanto durmo
Corte o vento
Que quando acordar
Quero estar em outro lugar
Molhar os pés no mar!

Aperte minha mão

Estou tão cansado
E não sei o que fazer
Queria ir
Mas não sei o que fazer
Ajude -me a voltar para casa
Tudo destruído por algo tão pequeno
Dizendo que está sozinha
Há trés semanas
Dê alguma coisa que eu possa pegar
Te encontro na esquina
A multidão que passa
É só mais uma
Beleza desconstruída
Tijolos desmancham na chuva
Vontade do que um dia poderia ser
Leve – me para casa
Encontre-me na esquina
Estou tão cansado
Tentaram drenar meu sorriso
De longe apertei sua mão
Um resto de força
Mas agora leve-me para casa
Tente me iludir
Diga que pertenço á algum lugar
Diga-me que faço falta
Aperte minha mão
Estou aqui por você
Tão perto

Cavalos

A gaita que toca
Bob Dilan
Seus cavalos selvagens
Que corriam e deitavam-se
Embaixo do sol
Os cavalos selvagens
Pastavam
Voltavam do rio
Deitavam no sol
Todos os cavalos
Corriam e mordiam-se
Saltavam
Grandes arvores
Em vales
Uma fogueira
A gaita
Bob Dilan
O que tocava
Amores distantes
Um viajante
Dono do mundo
Cantava
Sonhos tranqüilos
Noites quentes
Descendo o sul
Procurando o verão

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Acinzentado

A grande Londres
Não te agüentaria
Paris ficou pequena
Está tão longe
Nada que possa suprir
O que você quer tanto
Explode de dentro para fora
Sem poder dar as mãos
Lugares existem
Aumentando uma distancia
Que milhas não contam
Esperava mais um dia
Em simples atrofia
Quem desconfiaria
Pontes do mundo inteiro
O Tâmisa ou o Sena
Tanto faz
Você que conhece tudo
Não entende nada
É tão maior
A agua do mundo nas retinas
Desce salgada
Há um mar
Um barco virado
Que não quer deixar desabar
Pontes do mundo inteiro
Não te ligam a lugar nenhum
Você não sabe porque
Mas quer pular
Olhos azuis
Cor de um céu
Que tem andado
Muito acinzentado

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

E petróleo

Eu poderia, eu queria
Mas não posso perder tempo
Quando penso sobre isso
Eu sei que não é assim
Que não sou eu
Mas não há nada a fazer
É só poder
Uma questão de não ser fraco
Queria ter capacidade de acreditar
Passar um dia
Com os olhos fechados
Sem pensar nas palavras
Achar que as intenções são boas
Não posso
Ah eu queria
Só um dia
Ser fraco e singelo
Como um inseto
E não temer
Mas pisam pelo prazer
Não posso entender
Eu acho normal
Tudo tão normal
Estender a mão a um desconhecido
Sem precisar de nada em troca
Mas isso é fraqueza
Não posso ser esmagado
Pelo simples fato de ser fraco
Quanto mais pobre
Mais caridoso
Quem divide até o que não tem
E canta uma canção
Eu só queria cantar uma canção
Saber tocar violão
Ter na praia algumas estrelas
Um pouco de areia
Sou eu
Mas no fundo é só fraqueza
É preciso sujar todo o chão
Com sangue e petróleo

Esse ano

Ei meu amigo,
Esse ano eu voltei lá
lembrei daqueles dias
de tempos conturbados
foram boas lembranças
meus olhos ficaram distantes
andei pelo porto
na beira da lagoa
vi os pequenos barcos
nossas palavras
Da noite conversando
descobri algo perdido
que não sei bem o que
eu que não me imaginava
ali daquele jeito
como um turista qualquer
alguém que vai querendo voltar
lembrando de casa
alguém que vê um mundo
de um ponto fixo

Eramos fantasmas
eu podia ser qualquer coisa
sem perspectivas
não havia destino certo
era esse o fascínio
voltei como alguém
um sujeito com posição
sentindo-me alguma coisa
grande merda
vieram a cabeça imagens
de quando não era nada
experimentaria não ter nada
era feliz só por ser
isso era você
sem ambição
com a simples paixão
de viver

Ouse

Como uma barata
Precisando
Esmagarei um inimigo silencioso
Uma briga que não tem vitoriosos
Quem me ataca pelos cantos
Posicionamentos covardes
Uma chance
Uma unica
Coragem assusta
Assustado um animal é perigoso
Minha atitude inveja
A inveja seca o mar
Mas eu recuo
Me protejo
Percebi além da mascara do bem
Autopromovida por um amor irreal
Egoísta
Não há o que me faça temer
Só há o que faça pesar
Duramente ter que acreditar
Triste veredito que salta aos olhos
Mas perdão não é confiança
Inocente do que confia em quem precisou perdoar
Cego o que não vê pequenos atos
Prática de pequenas maldades
Discursos depreciativos
Na roupagem de algo ingenuo
Meu crivo é cruel
Anjos são ingênuos
Heróis são ingênuos
Covardes são covardes
Covardes são abutres
Sobrevivem da carcaça
Desejam a desgraça
Mas...
Vou além
Nada pode parar
Se meus traidores caem
É porque os retiro dos ombros
Antes que o dia amanheça
Acontece assim
Sem maiores desgastes
Grande segredo de saber jogar
De mim não me tiram mais nada
Só ganho
A cada verdade que percebo
Só presto contas a Deus
Agradeço meus aliados na terra
Aliança divina
Que me faz pensar
Articular
Organizar o movimento
Encabeçar a defesa
Pois a muito que não quero atacar
Mas ouse... ouse me desafiar!

Outro começo de noite

Outro começo de noite