sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Escritos inuteis

Escritos inúteis
Pra satisfazer
Não sei o que
Não matam minha fome
Fome mesmo
Essa fome de verdade
Que só pode ser de amor

Escritos inúteis
Ficam guardados em uma caixa
Mapeiam as fraquezas
Deixam á mostra toda fragilidade

Escritos inúteis
Tomam meu tempo
Minha dedicação
Me fazem lembrar
O que quero esquecer

Escritos inúteis
Que ninguém merece
Desmerecedores de credito
Quando são bons
São raros
Quando finalmente saem
Saem a um alto custo
Pintados com as piores dores
E mesmo assim
Com as piores dores
Eles são inúteis
São ridículos
São do tamanho de qualquer coisa comum
Banal

Escritos inúteis
O que ninguém precisa saber
Sobre mim ou qualquer outra coisa
Ousado que sou
Mal arrumado e desorganizado
Escrevo não sei para que
Cometo um ultraje
Maltrato a língua
Chamo de poema
Quem sabe algum dia
Alguém me perdoe
A culpa não foi minha
Eu só tentei
Falar um pouco comigo

De casa em casa

Procurei como louco
Andei de rua em rua
Bati na porta das casas
Anunciei nos jornais
Não te encontrei
Observei o céu todas às noites
Pensei se você estava lá
Talvez perto do cruzeiro do sul
Como em uma lenda indígena
Pessoas viravam estrelas
Rodei pelas rodovias na madrugada
Não te encontrei
Onde estará você
Preciso te encontrar
De tanto procurar
Me perdi em algum lugar

Cãofiança

Confiança, confiança..
Lealdade, lealdade..
Por onde andam..
Cãofiança, cãofiança..
Amizade, amizade..
Compre um cachorro e conte segredos
Dê um osso a um homem
Compre ô com carne
Saberá de tudo
O cão.. o cão apenas escutará
Cãofiança, cãofiança..
Alimenta-se com lealdade
Confiança, confiança...

Figuras

Ninguém disse que seria fácil
Talvez devêssemos começar do inicio
Trabalhar figuras não foi tão simples
Toda realidade é um pouco de fantasia
Foi o que vimos

Ninguém esperou nossa chegada
E fomos mesmo assim
E se começar de novo for preciso
Estaremos logo pela manha
Com as malas prontas

Uma fotografia falou o que não existe
Um sonho mostrou o caminho
Te esperei na jangada
O rio era mais longo
Poderia ter atravessado nadando
Te esperei na jangada

Questões silenciosas
Em volta do barco
Nós afogamos lá dentro
Esfriei a cabeça na água
Ninguém disse que ia ser fácil

Andando em círculos
A trajetória continuou
Uniforme e invariável
Vi o mundo enquanto rodava
Eles riam da nossa música
Caímos na água
Não esperavam nossa chegada

No fundo do rio
Alguém disse que ainda não era hora
As pedras se moveram
Os peixes parados observaram
A fotografia caiu do bolso
Despedaçou-se em mil pedaços
Com ela a lembrança

Vou recomeçar
Se um pedaço eu achar
Trago de volta
Parte da foto
Que já não tinha cor
Parte do sonho que acordou

Um pesadelo

Tive um pesadelo
Em que tudo se afastava
No meio de uma plataforma
Cercado pelo oceano
Nem os pássaros cantavam
Vi de longe
Um barco pequeno
Foi chegando perto
Quando finalmente alcançou a plataforma
Vi todos no barco
Davam uma festa na barca, agora enorme
Pedi para entrar
Implorei a todos
E me disseram que estava cheio
Que eu ficasse na plataforma
Não me preocupasse com nada
O barco foi se afastando
Deram-me adeus
Mandaram beijos
Disseram que me amavam
Acordei e vi água por todos os lados

Pra voce

Essa musica fiz pra você
Pra nunca se esquecer
Mesmo que os dias passem
E que eu não esteja mais aqui
Terá essa musica pra não se esquecer
As arvores estão de testemunha
E tudo que me circunda
Mesmo que esteja longe
Você ira se lembrar
Eu fiz essa musica pra você
Só espero que algum dia
Possa ler e se lembrar
Porque eu nunca.. Nunca vou me esquecer

De uma só vez

Queria gritar na porta da sua casa
Coisas simples
Queria falar de uma só vez
Eu te amo
Mas não vou fazer
Vou fingir que não me importo
Vou pisar forte
Assim cruel
Queria gritar na porta da sua casa
Coisas simples
Queria dizer de uma só vez
Mas não vou fazer
Vou fingir que não me importo

Estarei longe

Olhou com os olhos
De quem tem culpa
Olhou com a cara
De quem se esconde
Olhou com a feição
De quem se justifica
Não te culpei
Nem perguntei nada
Sei que tem a resposta pronta
Ponta da língua
Em um só impulso
Olhei com os olhos
De quem perdeu alguém
Olhei com a cara
De desesperança
Olhei com a feição
De quem não quer acreditar
Sabemos de tudo
O mistério é só a ilusão
Eu finjo bem
Você nem sempre
Afastando aos poucos
Sem causar impacto
Logo estarei longe
Não saberá onde tudo acabou
Colocará a culpa no tempo
Mas foi um dia e nada mais
Um ponto de cisão
Um olhar
Só o que foi suficiente
Nunca valeu a pena uma discussão

sábado, 24 de outubro de 2009

Sem fronteiras

Nós queríamos roubar um banco
Treinávamos não ter medo
Nos não temos medo!

Eu escrevo poemas...
O que aconteceu ?


Nossa coragem é agora desnecessária
Nossas músicas agora são paradas
Incendiamos uma casa
Pulamos de todas as arvores
Invadíamos qualquer lugar
Tomávamos banho escondido nas piscinas
Quebrávamos vidraças pelo gosto de ver o estilhaço
Nosso limite era o infinito
Vivíamos a margem
Talvez fossemos marginais
E isso era divertido
Nossa revolta sem saber motivos certos

Não sei se foram os sustos
Uma batida
Uma quase capotagem
Uma quase detenção
Ficamos no quase
Deus gosta da gente
Tivemos sorte sempre
Éramos os melhores
E acredito que ainda somos

Talvez os anjos nós tenham acordado
Ou tenhamos crescido mesmo
Mas embora muita coisa tenha mudado
Ainda permaneço o mesmo
Ainda gosto de Maquiavel
“bom com os amigos..
cruel com os inimigos..
infiel a todos os outros”
Viver ainda é um pouco como guerrear

É meu amigo,
Você também não mudou muito
Ainda somos poucos
E nossa virtude
A maior de todas elas
Que perdoa todos os pecados
Você ainda possui
Não esquecemos quem somos
Não esquecemos da onde viemos
E a quem devemos nossas dividas de sangue
Fidelidade e confiança

Ando por procurar alguma profissão divertida
E talvez um amor desses que valha a pena
Só encontrados naqueles olhos que sabemos identificar tão bem
Os espelhos de tudo que acreditamos
O amor que une tudo
Que quer dizer toda a virtude existente
Traduzido em mil palavras
Amor só tem um sinônimo
Verdade...

Por mais que nossas vidas mudem
Por mais que elas melhorem
Por mais que estejamos agora próximos do que queríamos ser
A ideia final é sempre voltar ao ponto de partida
Essa classe média é muito pobre
O que temos de mais valioso não podemos perder
Somos como piratas que visitam uma terra distante
Chegamos, observamos tudo que há de melhor,
Levamos embora
De volta pra os campos em que andávamos descalços
Lá temos a plenitude

Aos nossos filhos
Futura geração dos nossos sonhos
Só espero que tenham o mundo inteiro como tivemos
Que tenham ainda mais
Que não precisem sofrer tanto por coisas inúteis
E que sofram muito...
Muito mesmo pelas úteis
Para que elas nunca percam seu valor

Somos os piratas
Somos os rebeldes
Por mais que estejamos quietos
Sabemos quem somos
E não nos misturamos
Poucos que restaram de um outro tempo
De uma outra compreensão
De uma outra lei
Somos a lei do nosso mundo
Conquistaremos o que for possível
Faremos de tudo
Para voltar para casa
Como quem traz a cabeça do inimigo a segurando pelos cabelos

Talvez na caminhada
Encontremos alguém
Algum desgarrado
Um dos nossos
Digno de confiança
Enxergaremos nos olhos
E nos sonhos
Andando descalço
Trepando nas arvores como macaco
Subvertendo toda a lógica

E já tendo escrito muito
Preciso dormir
As coisas não estão fáceis
A quem muito recebe
Muito será cobrado
Recebemos toda a felicidade do mundo
Por isso somos tão cobrados
Pagamos com o suor do dia-a-dia
Não sabemos vencer de outro jeito
E á quem ler esse poema ou esse tratado
Chamem como preferir
Que achem o que quiserem
Nós não provamos nada que não seja para nós mesmos
Todo povo tem sua nação
Somos a nossa nação
Nosso território não tem fronteiras

A lua amarela

A lua amarela

A lua amarela
Não brilha tanto
Dias tão escuros
A lua amarela
Entra no lago
Alcança as extremidades
A lua amarela é outra

Se lembra daquela noite
A lua amarela era como o sol
Caminhávamos a noite sem tropeçar
O que aconteceu
O que aconteceu
Nadamos no lago
Que a lua cobria
Ela entra no lago de novo
Mas não brilha tanto
O lago é outro
A lua amarela vai ficando cinza
Contemplando o silencio da noite
Gritávamos muito
Falávamos alto
Mas agora é só o silencio
A lua ficou cinza
O lago escureceu
Algo morreu

Se um dia eu..

Se um dia eu..

Se um dia eu morrer
Não me coloquem junto dos outros
Não me ponham nos jardins da morte

Se um dia eu morrer
Vou querer vida
Vou querer o sol e a chuva
A alegria e a tristeza
Agitação e calmaria
Em um lugar que flui
Transforma-se todos os dias

Não me ponham em jardins imutáveis
Em casas de cimento
Em recintos de plenitude
A vida não é plena nem uniforme
Quando eu morrer eu quero vida

Coloquem-me então em um vale
Não cavem muito fundo
Não me ponham em uma caixa lacrada
Eu quero vida

Plantem uma arvore perto
Dessas que duram cem anos
Dessas que dão frutos
Que atraem pássaros

Não ponham placas
Se esqueçam do lugar
Façam uma festa
Que ela dure três dias

Meu corpo sempre feliz
Tenciona os músculos da face
Procura alimentar a vida
Alegra-se no fluir
E tendo vindo do pó
Ao pó quer retornar
Adubo para as plantas
Alimento para os vermes
Contemplando a harmonia de todo um vale
Que não morre nunca

Um outro poema

Se cale em seu sorriso
É uma mesma musica
Para um outro poema
Pare de chorar no seu coração
Deixe que as lágrimas caiam
Deixe que escorram pelo nariz
Que cheguem na boca
Sentindo o gosto de sal
Sinta lágrimas em seus lábios
Se cale em seu sorriso
Se quer mesmo é chorar
Chore uma noite inteira
Amanheça com os olhos vermelhos
Pare de chorar em seu coração
É uma mesma música
Para um outro poema

Face a face

Face a face
Um cover
Face a face
Usando alguém
Alguém como você

Tocando algo do passado
Um cover
Fazendo você saber
Alguém como eu
Qualquer pessoa

Todos prontos
Falando na rua
Quebrando garrafas no asfalto
Falando da lua
Rimas sem esperança
Rimas sem graça
Alguém como eu

Algo do passado
Um cover
Pra você saber
Amanha pra se esquecer
Alguém como eu
Alguém como você
Quebrando garrafas na rua
Falando da lua

No meio da esquina
Entre um astro e outro
Tocando um cover
Algo do passado
Entre uma e outra estrela

As constelações têm poeira
Os moveis da sua casa
Os tapetes da minha
Veja o céu
Somos grãos de poeira

Amanha pra se esquecer
Um brilho como o seu
Usando alguém
Qualquer um
Todos prontos
No meio da rua
Alguém como eu
Fazendo você saber
Um cover do passado
Essa noite ontem
Um cover de amanha

sábado, 17 de outubro de 2009

Alma fracionada

Vai se soltando aos pedaços
Montando em um quebra cabeça obscuro
É sempre uma surpresa
Muito mais do que o esperado

Para que se conheça toda ela
Se esconde em infinitos lugares
Se diz forte e assusta com a sombra
Cria ilusões de ótica
Um caminho sinuoso

Teme ser encontrada
Um sábio a dividiu em infinitas partes
Em todos os cantos em todos os lugares

O quebra cabeça obscuro
Tem sentido para quem é permitido enxergar
Os demais são os cegos que nunca poderão ver
Os homens não sabem compreender
Temem o desconhecido
Destroem o desconhecido
Cultuam o imcompreensível
O sem razão de ser

A quem encontrar os pedaços
O premio de se ter o que nunca se imaginou
Mais do que qualquer coisa
A que tudo se supera
O que não se espera

Os pontos fracionados de uma alma
Um entre milhões
Segredos bem guardados
Que se mostram no tempo e na gratidão
Todo o entendimento
Escutando vozes do que nunca se saberá o que é
Só entende quem procura
Os pontos fracionados de uma alma

Sanidade

Quando te disser o certo ou o errado
Quanto te falar de sanidade
É no que eu e você precisamos acreditar

Uma prosperidade tão a favor
Um cidadão de bem
Esperei o trem
Sai no meio do dia
Fui a plataforma
Esperei o trem
Um cidadão de bem
Uma prosperidade tão a favor

Te falei dos meus projetos
Dos planos abertos
Cinema final de semana
É no que eu e você precisamos acreditar


Pra não se assustar
Pra não se magoar
Essa é a historia que ninguém contou

Peguei mesmo o trem
Sem saber bem
O que é que tem
Depois de algo alem

Daqui a algum tempo
Recuperado volto
Bem preparado
Cidadão de bem
Cabelo cortado
Retransformado

Quando te falar de sanidade
Escute bem
É no que eu e você precisamos acreditar
Cinema no final de cinema
Morte no final de semana

O gato

Você se esconde nas paredes
Passando nas ruas cheias
Distraída na multidão
Olhando para o chão

Sai bem cedo
Volta a noite
Senta na cadeira
Brinca com o gato
Liga a tv e adormece desmaiada

Você se esconde nas paredes
Passando nas ruas cheias
Distraída...
Só passa...
Pensando em algo vão

Come qualquer coisa no caminho
Pede um café
Conversa com uma colega de repartição
De repetição
De beber café


Você não é você não


Volta pra casa
Enforca o gato, amante de solidão.
Você não é você não
Faz a mala
Pouca coisa
Deixa o passado
Poe fogo no apartamento
Desce tranqüila as escadas.
Corre na contramão
A avenida esta vazia
Não pensa em nada não
Noite quente e colorida
A ultima em uma boate qualquer
Ouvindo uma musica de um tempo que passou
Tempo que volta
Pega as malas ao amanhecer diferente
Foi a ultima noite na cidade da solidão

Pobre de mim

Pobre do samba
Ganhou meus aplausos
Arrancou meu sorriso
E nunca..
Nunca saberá se o mérito é mesmo seu

Se gosto de samba é novidade
Já não sei bem
Se é o samba ou se é ela
Não se separa das batidas
Ela sem samba não existe
Ela sem samba não é feliz
Pobre do samba
Nunca saberá se o mérito é mesmo seu
Sua batida é amor
Seu amor é felicidade
Pobre de mim
Que sem ela não vivo
Que divido com o samba
Compartilhando seu amor
Nunca saberei
Se é pra dança ou pra mim
Pobre de nós
Eu e o samba
Sem ela as batidas são sem graça
O samba morre
E eu me torno infeliz

Metade

Tampo metade da face
Sou metade do mundo
Ando sozinho
Sou o vento
Fecho os olhos e sou o infinito
Corro para onde eu sou
Parte dos lugares
Reviro a alma
Participo como quem nunca vai embora

Acordo no dia seguinte
Face destampada
Mundo inteiro
Estrada lotada
Fronteiras fechadas
Vou embora
Não sou lugar algum
Eu nem sou daqui
É, acho que nem sou daqui!

Me irrita

Me irrita

Quando alguém quer saber mais de mim do que eu mesmo
Quando sabem o que devo ou não fazer
Do que devo ou não gostar
Não façam comparações
Ninguém é nem nunca vai ser igual
Ninguém viveu ou vai viver a mesma coisa
Não me diga eu te conheço
Não quero ser e não sou
Não me conheço e não quero que conheçam
Se digo muitos nãos é porque barreiras foram ultrapassadas
Vamos ser felizes
Sem definições
Sem certezas
Vamos esperar a surpresa brotar de nós mesmos

Outro começo de noite

Outro começo de noite