terça-feira, 24 de agosto de 2010

Esforço sobre humano

Vejo um esforço
Sobre humano
Para tornar o obvio
Mentira monstruosa
E fazer do ilógico
Verdade possível

Vejo a tentativa
De enganar meus olhos
E tapar meus ouvidos
Mas os gritos são altos
E não se abafam

Entregam-me teorias e livros
Formam meu caráter
São lições de moral
Instituem a barbárie como algo normal
Evolução natural

Mas eu ainda consigo
Ver, sentir e tocar
Agarro a vida nos dentes
Aperto mãos ásperas
Tateio os calos
Quem constrói o futuro
Mal vive no presente

Vejo a moral do trabalho
Do que é digno
E é honesto
Minha mente se confunde
Moral e justiça não se encontram
Não se realizam

No que vão querer me fazer acreditar
A fome me salta os olhos
Em esquinas de castelos
A ignorância é o lixo do entorno
Desprezo e decadência
Da maior violência
Que machuca sem mover um dedo

Vivendo de sobras
Nas sombras
Vejo o que não se discute
Homens que viraram ratos
Sobreviventes da sociedade
Eu vejo o que não se discute

Não me diga não
Não critique meu assistencialismo
Sinto o óbvio que existe
E o desespero não espera
As vidas passam
Mas a lógica não muda

Como o gado

Como o gado
Você vai marcando o caminho
Amassa a terra
Segue sempre o trilheiro
Já não sabe
O que se fez naquele instante
Primeiro da idéia
De tomar uma estrada
Agora é o mesmo
De anos atrás
Você não muda
Não entende o porque
Seus pés te levam
Sua mente não muda
Seus pés estão rachados
Sua mente cindida
Seu corpo cansado
Mas um dia existiu
Que escolhas
Poderiam ter sido tomadas
Agora o tempo não passa
Você caminha
E continua a pisar
No mesmo lugar

Não precisamos marchar

Instinto humano
Fundamentando o estado
Fundamentando tudo
O que é razão
O que é sentido
Na base subjetiva
A mera vontade
De um qualquer
Que não conhece nada
Que não conhece o povo
Regendo exércitos
Movimentando tropas
Invisíveis em si
Homens marcham
Seguem os devaneios
Da maquina incoerente
Do estado forte
Da massa uniforme
De juízes técnicos
De legisladores cegos
Seguindo em frente
Os invisíveis marcham
São números na manobra
No contorno beligerante
Dos sonhos de um louco
Das ânsias de um burguês
Não precisamos marchar
Nós que não temos nome
Não precisamos marchar

Não me engana

Podendo disfarçar se
Parecendo uma estúpida
Criando imagens
De um espectro idiota
Podendo ser típica
Escondida na mediocridade
Procurando ser comum
Deixando simples impressões
O que você sente
O que você espera
Sempre surpreende
Algumas poucas vezes
Há quem fale por ti
E mesmo que queira
Imbecilizar o passado
Fatos existem que não se apagam
Espelhos não mentem
Consigo ver seus olhos
Seu discurso não me engana
E os olhos não mentem

Liberdade

Tudo que você pode
Tudo que você sabe
Letras soltas
De quem não segura
Sonhos com a Califórnia
A estrada de noite
Informações
Ausentes de sentido
Letras soltas
Sonhos com o mar
Está na musica
Um lugar livre
De tudo
O que você pode
O que você sabe
Sonhos com a Califórnia
De quem não espera
Não se segura e pega
O rumo da estrada
Nas praias disformes
No barulho do mar

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sete em uma noite

Mais uma droga de poema
Você escreve qualquer coisa
Fala consigo mesmo
Na terceira pessoa
Experimenta as formas
Na primeira pessoa
Sete em uma noite
Quatro da madrugada
Você gosta de poemas
Pelo motivo simples
De ser analfabeto
Hora não engane a si próprio
Você sempre escreveu poemas
Porque gosta de anotar pensamentos
Mas não consegue em textos
Sua mente é uma bagunça
Sua letra é suja
É feia e não atrai
Por isso começou
Com as frases soltas
Desconexas
Sabe que não te entendem
Que problemas ninguém pode resolver
Conversa sozinho
Em textos travestidos de poesia
Não corrige depois
E deixa...
É complicado retomar conversas
Você no fundo sente demais
É um fresco
Precisa fingir
E fingindo vai vivendo
Ocultando o passado
Não volta nos textos
E assim é feliz
Uma felicidade barata
Egoísta e necessária
Um grande ajuntamento
De drogas sem valor
Utilizadas enquanto são feitas
Compulsivamente
Em noites difíceis.

Black cat

Posso acreditar em sorte
Em gatos pretos
Em sexta feira treze
Parece engraçado
O maldito gato comendo carne
É o mesmo
Daquela vez a tanto tempo
É o mesmo
Maldito gato comendo carne
Duas vezes já visto
Duas vezes
Historia parecida
Loucura
Loucura...
Quero acreditar em mitos
Tanta coincidência
Você sabia o veredicto
Você foi humano e acreditou
Como acredita agora no gato
Feliz estaria em matar um felino
Talvez seja de família
Como seu pai que assassinava gatos
Que loucura
Que loucura
Preciso matar um gato!

Besteira

Escrevo besteiras de madrugada
Mando uma mensagem mal formulada
Precisava erguer a cabeça
É o que dizem os costumes
É o que diz a experiência
Mas eu errei
Feliz de ter errado
Porque foi de verdade
Porque fui como quem sai
Quem vai à luta desprevenido
Vai ao jogo
Na esperança da vitoria
Simplesmente por sentir
Por acreditar
Eu acreditei
Eu que não piso em falso
Tive esperança
Como um tolo
Senti por sentir
Segui um impulso
Estava tão vivo
Tão humano
Erraria de novo
Porque la no fundo eu sei
Que esse erro
Foi dos meus maiores acertos

Não..

Não sou um escritor
Não sou um poeta
Não sou um técnico
Não tenho talentos
Não tenho facilidades
Não sou bonito
Não sou dogmático
Não sigo as regras
Não tenho dinheiro
Só tenho fé !
E por isso eu acerto
Por isso eu sigo
Por isso eu ganho
Por isso eu não desanimo
Por isso eu sou homem
Por isso tenho o amor
Por isso renovo minhas esperanças
Porque eu tenho muito
Enquanto tanta gente
Tem tão pouco!

Show do espectador

Posso escrever quando me vem a musica
Não sei se o mundo me vê
Mas eu vejo o mundo
E basta por um instante
Posso escrever quando me vem historias
Todos gostam de filmes
Em cores que não se podem contar
Nas poltronas pessoas sonham
E dos sonhos nascem os romances
As musicas, o cinema e suas historias
Quando tudo parece desmontar
O som e a imagem
Quando nada parece real
O resto não importa
Às vezes só é preciso
Ser um espectador do show vivo
E ser vivo no show do espectador

Disparado

Disparado
Um cavalo corre
Ele não vê cercas
Ele não vê nada
Disparado
Vai mais rápido
Mais rápido que pode
Como em tempos antigos
Como quando não tinha rédeas
Ele corre
Cortando o pasto
Um vulto negro
Parecendo sem direção
Ele sabe aonde vai
E quanto a isso...
Quanto a isso na há duvidas.

Hard

Its hard to explain!
Não sei a frase correta
O inglês me é estranho
Mas é sonoro
Foge do costume
E a disposição do desconhecido
Cria com a melodia
Imagens fantásticas na mente
De imaginar historias e sentidos
Musica pela musica
O inglês obscuro
Faz de cada som
O que cada um quiser
E nesses dias difíceis
Em que nada nem ninguém
Poderia parar a dor que não tem explicação
De tentar fugir de algo que não se foge
O inglês me cai bem
Para não dizer nada
Para que eu possa ver algo
Que não sei muito bem o que é!

domingo, 1 de agosto de 2010

1 de agosto

Primeiro dia
De um grande mês
Primeiro de agosto
De um grande ano
Começou diferente dessa vez
Veio com uma mensagem
Veio como um aviso
As coisas são o que são
E os milagres nem sempre são claros
Mas hoje é primeiro de agosto
Sem nem me dar conta
Entrou por um acontecimento comum
Algo que me guiou
Um homem que esperava simpático na porta
Um senhor, um frei
Talvez esperasse alguém
Talvez soubesse que passaria por ali
Agosto começou
Veio de uma vez
O velho humilde
O homem simpático
Me fez chorar
Como um traidor
Me fez pensar
Me fez respirar
Talvez algo mude
Primeiro de agosto
De um grande dia
De um grande ano
De uma nova vida
De mais um aniversário!

Eu chorei

Eu chorei
Pela covardia
Ganância e medo
Eu chorei
Tentei esconder minhas lagrimas
Mas vi que era essa vaidade o sinal da decadência
Por esperar sempre mais e mais
E não enxergar o óbvio, eu chorei!
Porque sei o que é justo e injusto
Porque nunca tive duvidas
Porque trai meu espírito
Eu chorei
Escutei as palavras...
Eu era o homem do celeiro
Eu era o irmão preocupado com a herança
E pecava mais que os outros
Mais que qualquer um ali
Pois a quem não conhece a justiça
Credita-se a falta de esteio como justificativa
Mas eu conheço
Eu sinto
E sabia que algo me incomodava
Há tempos me mostravam os sinais
Tinha medo da escolha
Entre sucesso e redenção
Entre paz e desigualdade
Quem era eu que queria me acorrentar
Quem era eu que queria me escravizar
Quis por tudo pertencer ao mundo dos homens
Quem era eu que enxergava tão pouco
Chorei como filho ingrato
Chorei como quem se arrepende
Chorei como quem se envergonha!

Outro começo de noite

Outro começo de noite