quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Como se..

Tudo o que quero escutar
Como se lesse em minha mente
Tudo o que quero pensar
Como se estivesse um passo a frente
Tudo que preciso
Como se fosse meu maior presente
Quando não acreditei e tive medo
Você me abriu um sorriso
Como se tivesse minhas chaves
Você conhece meus segredos
Decifrou os meus sonhos
Entendeu minha alma
Te chamei de bruxa
Por não conseguir te esquecer
Como se a culpa fosse sua
Coloquei as mãos na cabeça
Para segurar os pensamentos
Mas o sangue corria frio
Perdi as minhas chaves
Não me entendi
Mergulhei nos meus enigmas
Como se me faltasse algo
Se ninguém decifra meus segredos
Me devoro
Sinto o gosto de sal
De suor e lagrima
Esfinge de areia
Que se desfaz no vento
Como se só você pudesse me salvar do deserto
Sem nada por perto
Um longo caminho
Esfregando o suor no rosto
Descobrindo com desgosto
O que você entende só de ver
As respostas lhe são fáceis
Como se fosse um anjo
Que me deixou a deriva
No mar seco
Só para aprender a te ver
Sem tentar entender
O que eu sempre soube
Mas tive medo de saber
Porque você é
Exatamente o que os sonhos sabem
E os pensamentos escondem
O que os homens comuns
Nunca poderão compreender
Como se você fosse
Exatamente como você é..!

Nosso heroi

Sem muito em que se segurar
Foi andando nosso herói
Sem muitas virtudes
Foi andando nosso herói
Dando jeito em tudo
Conquistando os passantes
Foi largando seu erro primeiro
E se aprimorando
O nosso herói

As regras não lhe eram simpáticas
Aprendeu a se virar sozinho
Não prestava contas
O nosso herói

Inocente em suas culpas
Não sabia o que fazia
Arranjou protetores
Venceu detratores
Nada lhe parecia difícil
Em todo momento uma alegria
A cada dia
A cada dia que vencia
Ia vencendo muito
Uma aposta no acaso
Promessa de fracasso
Nosso herói resistia
Sem orientação
Um vento o levava
Como uma folha que caia
Nosso herói não sabia
Mas ele resistia
Vencia, vencia
Com alegria

Mãos estendidas
Encontrava
Como quem procurava
Como quem pedia
Pra não ficar sozinho
Pra não ver o escuro

Nosso herói,
Ah o nosso herói,
Aprendeu a não ter direção
Selvagem de criação
Sem certo ou errado
Sempre sorrindo
Pra quem não espera nada
Tudo é uma grande conquista
Sem perspectiva
Ele só vivia

Dando um jeito atento
Selvagem de sentimento
Pensamento inocente, incoerente..
Tendo pecado por nascimento
A culpa não era bem sua,
Ele não queria, não queria...
Mas nosso herói é assim
Erro de um deslize
Filho do mundo
Um pouco de sorte e coragem
Camaradagem
Corações atentos
Não o deixarão...
Sedento, sedento..
Nosso herói
Nosso exemplo

Pouco a pouco

( feche os olhos junto com os sons)

Feche os olhos
Queria cantar uma musica
Comprei um violão
Mas precisava também de um piano
E talvez um baixo
Não seria fácil
E depois de muito ensaiar
Não poderia fazer tudo sozinho
Só eu pra você agora
Uma musica bem fechada
Bem ensaiada
Sem precisar de mais nada

Feche os olhos
E tente se desligar
De tudo que é comum
E é normal
Então os sons virão
Pouco a pouco
Como em uma canção
Sem se afastar
Os sons virão
E pouco a pouco
Te levarão
Nas suas asas
Em ondas
Para outro lugar
Bem longe
Mais que a distancia
Das luzes se apagando
Em pequenas estrelas
Que cortam o céu

Formigas

Não há nada que possa parar
Que possa fazer perder a noite
Se não entendemos os motivos
Há uma teia
Envolvendo todas as coisas
Para salvar o que não resiste
E destruir o que não se curva
Da resistência nascem as forças
E se criam as coisas
E não há nada que quebre a corrente
Cada pequena parte
Se juntando com toda a força
É a resistência
O que não se quebra
O que faz nascer à noite
Cantando baixo, seus hinos pelas sombras
Os motivos são aqueles outros
Os mesmos...
Das idéias dos gigantes
Esmagarem as almas de formigas
A resistência nasce com a noite
Com o a cor escura do conhecimento
Com o amor pelo que não se enxerga
Quem tem medo adormece
E acorda formiga
Diminuto em seus desejos
Tentando quebrar a corrente
De gigantes que perambulam no desconhecido
Aterrorizando pensamentos
Rindo nas noites
Resistindo a toda luz que cega
Coordenando um caminho
São nômades que traçam suas rotas
Desbravando seus temores
Enquanto formigas criam colônias e estradas

Feche os olhos

Feche os olhos
Queria cantar uma musica
Comprei um violão
Mas precisava também de um piano
E talvez um baixo
Não seria fácil
E depois de muito ensaiar
Não poderia fazer tudo sozinho
Só eu pra você agora
Uma musica bem fechada
Bem ensaiada
Sem precisar de mais nada

Feche os olhos
E tente se desligar
De tudo que é comum
E é normal
Então os sons virão
Pouco a pouco
Como em uma canção
Sem se afastar
Feche os olhos e os sons virão

As luzes se apagando

Os sons virão
E pouco a pouco
Te levarão
Nas suas asas
Em ondas
Para outro lugar
Bem longe
Mais que a distancia
Das luzes se apagando

Pra onde ?

Qualquer coisa que valha
Dias de chuva e cansaço
Vejo todas essas pessoas sozinhas
Pra onde elas vão ?
Caminham nas calçadas
Debaixo do guarda chuva
Vendo os pingos caírem do céu
A tarde vai chegando
O dia acabando
E da janela de casa
Os pingos continuam a cair
Em uma brisa úmida
De onde elas vem ¿
Eu olho todas essas pessoas sozinhas
Quem elas são ¿
Na janela de suas casas
Esperando por algo distante
Todas essas pessoas
Sozinhas em mentes cansadas

Perigosas

Palavras perigosas
Levam barcos
Comandam exércitos
Provocam guerras
Palavras perigosas
Nunca deveriam ser ditas
Bocas malditas
O que os homens nunca poderão saber
O que os homens não sabem
O entendimento que não pode ser desfeito
Palavras perigosas
Verdades que não podem ser ditas
Comandam rebeldes
Incitam revoltas
Começam a revolução
Palavras perigosas
Cortam o fraco fio da ligação
Destroem teias
Desmoronam impérios
Palavras obedecem a critérios
O não dito mantém o controle
Organiza os povos
Desumaniza os homens
Por isso toda paz
Tem enfim
Um pouco de medo e silencio

Na parede

A aranha na parede
A goteira pingando da infiltração
A torneira que não fecha
O prédio velho
Range as vezes
O caminhão de lixo que passa
Quatro horas
No fundo da sua retina
Nada existe
Nada existe
A aranha faz sua teia
A goteira alaga o chão
Seus pés se molhando
Imóvel olhando o nada
Quatro e quinze
Sem barulho na rua
Um carro passa com som alto
Quatro e vinte
A teia terminada
Uma só luz ligada
Seus pés não sentem o frio
Quatro e meia
Levanta
Caminha até o armário
Completa o copo
Bebe de uma vez
Quatro e trinta e cinco
Sai pela porta
Á aranha descansa na teia
A goteira aumenta
O barulho da chuva
Sem trovões
A rua deserta
Pega o elevador
Vai para o décimo oitavo
Caminha até a janela
Nenhum barulho no décimo oitavo
O prédio não range
Só a chuva que cai sem trovões
Senta na janela
Inclina o corpo
Cai
Dezoito andares
A luz ficou ligada
A goteira inundou tudo
A chuva levou o sangue que escorreu na calçada
Uma pessoa ouviu o barulho
Pensou que fosse uma batida
Voltou para a internet
A aranha continuou com a teia
A goteira diminui
Quatro e cinqüenta
Cinco horas
Cinco e meia
Um homem achou o corpo
Curiosos se juntaram
Seis e meia
Entraram no apartamento
A aranha tranqüila
Boatos por todos os lados
Sete horas
Reviraram o apartamento
A goteira acaba
Oito horas
Após muita procura não acharam nada
Nenhum bilhete, nada..
Colocaram a culpa na bebida
Nove horas
A família não veio
Muito barulho
Muitas sirenes
O policial antes de sair
Vê a aranha
Destrói a teia
Nove e um
O policial
Pisa na aranha
Tranca a porta
A aranha morre
Ela que não teve culpa!

Das coisas

Lembrando das coisas
Passado presente
Esquecido
Vem de uma vez
Passado esquecido
Nunca existiu
Nessa confusão
Não vejo você
Pra onde vai ¿
Não vejo você
Passado presente
Contente em lembrar
Coisas pequenas
Um jeito de sentar
Um sotaque ao falar
Coisas pequenas
Contente em lembrar
Nunca existiu
Nunca existiu
Essa confusão
Não fui eu quem criou
Passado presente
De longe se mostra
No reflexo ausente
De tudo que se espera
Mas não se entende
Me sinto tão só
Passado presente

Um ano atrás

Olhei o horizonte
É o mesmo de um ano atrás
Chove novamente
É o mesmo de um ano atrás
Nada parece ter mudado
Demos uma volta completa
É o ponto de partida
Depois de te encontrar
De jurar a eternidade
Como essa planície sem fim
Agora de volta
Nessa mesma pedra
Parece que nem nós conhecemos
Sem volta
Passei por você esses dias
Fingiu não me conhecer
Fingi não te ver
O que bate aqui
É o mesmo de um ano atrás
Vejo muito alem
Sinto te encontrar
Como quando nem te conhecia
E mais uma vez
Vamos trair nossa razão
E nos deixar guiar
Daqui a um ano
Como as coisas vão estar ?

No meu lugar

No meu lugar
Esqueci do mundo
Não tive medo
A chuva caiu
Levou o tempo seco
Os ventos sopraram pela janela
Só vi o quadrado da janela
A terra que a água levou do jardim
O vento que derrubou as folhas

No meu lugar
Nada foi preciso

pressão

Sob pressão
Pra cabeça agüentar
Sob pressão
As veias são vias
O sangue corre dilatado
Sob pressão
Olhos vermelhos
Arregalados de não dormir
Três dias e três noites
Sob pressão
Café todo tempo
Mãos tremendo
Sorriso histérico
Sem sono
Pra cabeça agüentar
Três dias
Só mais três dias
Antes que as veias estourem
Que o sorriso enlouqueça
Ou que o café acabe

Fugitivo

Sou o fugitivo
Ando com disfarces
Entro e desapareço
Não sou percebido
Sou o fugitivo
Apago meus rastros
Não ligo pra ninguém
Sou o fugitivo
Como uma chama
Ascende e apaga
Não deixei vestígios
Sou o fugitivo
Pensei em tudo
Sumi no ar
Nunca estive aqui

Espíritos tristes

Um homem pulou de um prédio
Uma mulher gritou a noite inteira
Dois caras se bateram até a morte
Um casal se separou
Um jovem levou treze facadas
Uma criança nasceu

As nuvens tamparam o céu
Começo do feriado
Finados
Os espíritos tristes corriam as casas
Abatiam com a luz pesada
Tarde de sangue
Noite de agonia
Os espíritos tristes
Deixaram loucura pelos cantos
Tristeza sem explicação
Ódio incomum

As nuvens tamparam o céu
Para que nada fosse visto
Ocultando toda luz e direção dos astros
Sem lugar e sem brilho
A noite enlouquecia
Os espíritos tristes faziam suas vítimas
Se projetavam em corpos cansados
Em mentes atordoadas

A lua cheia só apareceu de madrugada
Os cachorros uivaram então
Aos poucos o sol foi chegando
Tudo se organizando
A criança chorava
Trazendo alguma alegria
Da ressaca
Da noite daquele dia

Sem fim

Cantavam a musica
Dançavam a melodia calma
Interminável
Aquilo não acabava
Como se em um movimento eterno
As batidas tranqüilas
Repetidas atormentavam
Aquela mansidão
Os passos sem fim
Sorrisos melancólicos
O salão enfeitiçado
O homem no violão
Em duas notas
Intermináveis
Pessoas sentadas
Atravessavam um olhar muito alem
Desligavam-se dali
A garoa caia aos poucos
Nem os copos se quebravam
Três crianças não choravam
Estavam limpas até agora
Melodia interminável
Festa sem fim

Preço

Quanto vale uma pessoa
Quantos são seus sonhos
O que ela precisa
Vale tão pouco
Ou vale muito
Se tudo tem seu preço
Há aquelas que não valem nada
Tudo que não tem preço
Não vale nada

A maioria vale alguma coisa
Umas custam caro
Outras roupas e sapatos
Quem não tem seu preço
Sucumbi na exclusão
Morre na desilusão
Na bala de uma emboscada
Mas livre vive no entanto
Experimentando o vento
Nas asas do que não é permitido
Pensamentos
Senhores de si
Os livres são poucos
São alegres ou tristes
O meio do caminho não existe

Outro começo de noite

Outro começo de noite