terça-feira, 16 de junho de 2009

Escondi minhas palavras


Quero que minhas palavras sejam sombras

Só falarei de amenidades

De coisas externas

Não é isso que fazem os homens comuns ?

Os que tem medo de expor sua alma ?

Pois então é isso..

Não sei se expus minha alma

Ficaria feliz e consternado ao mesmo tempo se o fizesse

Mais consternado do que feliz

Por isso minhas palavras serão sombras

Pois sou um homem comum

Quero viver como um homem comum

Quero prazeres Comuns

Um filho e um cachorro

Como em um comercial de margarina

Como diria Zeca Baleiro

No medo de Deus se faz a religião

No medo dos homens se constitui a moral

Tenho medo dos homens

Não sabem distinguir

Moral e Moralismo

Por isso vou esconder

Cair na mediocridade

Pois assim se vive muito tempo

Boa escrita nenhuma vale a revelação de um segredo

E quando se escreve por mais que se tente

Segredos são revelados

Quero meus segredos comigo

Poupo ao mundo o que me é mais visceral

Pois não há merecimento na verdade

E depois ?

E depois que os amores passarem ?

E a paixão esfriar ?

Os poemas ainda estarão vivos

Os poemas serão eternos

Mas os sentimentos são voláteis

E são poucas aquelas que merecem a eternidade

Amigos comuns

Desejos comuns

Mulheres comuns

A felicidade é comum

A reflexão é incomum

E toda reflexão leva a tristeza

Se não levou

É por que ficou na superficialidade

Agora vivo a superfície

Agora vivo a aparência

Abdiquei do meu velho universo

E procuro as sombras

Aqui fica meu refugio

Para que das sombras

Eu seja apenas um observador participante

Sabendo tudo sobre os que me cercam

Mas não deixando nunca

Que saibam algo sobre mim

Como Dorian Gray escondia seu retrato

Escondo minha ilha

Escondo minhas ruas

E por mais que minha alma se torne grotesca e assustada

Ninguém poderá vê lá

Pois aqui se encontra

Não diria desse texto um poema

Não diria desse texto uma confissão

Não diria desse texto algo meu

Mas diria desse texto apenas uma explicação

Pois á quem não acredite que existam pessoas que escrevam só para si

Eu escrevo

E de sobre aviso já digo

É de livre e espontânea decisão passear por meus textos

É de livre e espontânea decisão conhecer as atrocidades que escondo

Um comentário:

Marco Henrique Strauss disse...

Escrever não é uma forma de agradar aos outros, não é algo que fazemos para as pessoas "matarem" tempo. Escrever é um desabafo, é feito para nos curarmos de uma dor que sofremos, seja por qualquer coisa, quando escrevo é apenas para desabafar, poder ver minha vida de fora, quando reler meu texto em uma semana ou um ano, isso me faz bem, é algo que poucos tem coragem, mas ah se soubessem o bem que faz. Não sou celebridade para expor meus sentimentos e querer que os outros se interessem, escrevo um texto submisso, desabafando, mas ao mesmo tempo que fique "legalzinho" e pouco se entenda, assim unindo o útil ao agradável.

Ótimo texto.

Outro começo de noite

Outro começo de noite