sábado, 24 de outubro de 2009

Se um dia eu..

Se um dia eu..

Se um dia eu morrer
Não me coloquem junto dos outros
Não me ponham nos jardins da morte

Se um dia eu morrer
Vou querer vida
Vou querer o sol e a chuva
A alegria e a tristeza
Agitação e calmaria
Em um lugar que flui
Transforma-se todos os dias

Não me ponham em jardins imutáveis
Em casas de cimento
Em recintos de plenitude
A vida não é plena nem uniforme
Quando eu morrer eu quero vida

Coloquem-me então em um vale
Não cavem muito fundo
Não me ponham em uma caixa lacrada
Eu quero vida

Plantem uma arvore perto
Dessas que duram cem anos
Dessas que dão frutos
Que atraem pássaros

Não ponham placas
Se esqueçam do lugar
Façam uma festa
Que ela dure três dias

Meu corpo sempre feliz
Tenciona os músculos da face
Procura alimentar a vida
Alegra-se no fluir
E tendo vindo do pó
Ao pó quer retornar
Adubo para as plantas
Alimento para os vermes
Contemplando a harmonia de todo um vale
Que não morre nunca

Nenhum comentário:

Outro começo de noite

Outro começo de noite