sábado, 24 de outubro de 2009

Sem fronteiras

Nós queríamos roubar um banco
Treinávamos não ter medo
Nos não temos medo!

Eu escrevo poemas...
O que aconteceu ?


Nossa coragem é agora desnecessária
Nossas músicas agora são paradas
Incendiamos uma casa
Pulamos de todas as arvores
Invadíamos qualquer lugar
Tomávamos banho escondido nas piscinas
Quebrávamos vidraças pelo gosto de ver o estilhaço
Nosso limite era o infinito
Vivíamos a margem
Talvez fossemos marginais
E isso era divertido
Nossa revolta sem saber motivos certos

Não sei se foram os sustos
Uma batida
Uma quase capotagem
Uma quase detenção
Ficamos no quase
Deus gosta da gente
Tivemos sorte sempre
Éramos os melhores
E acredito que ainda somos

Talvez os anjos nós tenham acordado
Ou tenhamos crescido mesmo
Mas embora muita coisa tenha mudado
Ainda permaneço o mesmo
Ainda gosto de Maquiavel
“bom com os amigos..
cruel com os inimigos..
infiel a todos os outros”
Viver ainda é um pouco como guerrear

É meu amigo,
Você também não mudou muito
Ainda somos poucos
E nossa virtude
A maior de todas elas
Que perdoa todos os pecados
Você ainda possui
Não esquecemos quem somos
Não esquecemos da onde viemos
E a quem devemos nossas dividas de sangue
Fidelidade e confiança

Ando por procurar alguma profissão divertida
E talvez um amor desses que valha a pena
Só encontrados naqueles olhos que sabemos identificar tão bem
Os espelhos de tudo que acreditamos
O amor que une tudo
Que quer dizer toda a virtude existente
Traduzido em mil palavras
Amor só tem um sinônimo
Verdade...

Por mais que nossas vidas mudem
Por mais que elas melhorem
Por mais que estejamos agora próximos do que queríamos ser
A ideia final é sempre voltar ao ponto de partida
Essa classe média é muito pobre
O que temos de mais valioso não podemos perder
Somos como piratas que visitam uma terra distante
Chegamos, observamos tudo que há de melhor,
Levamos embora
De volta pra os campos em que andávamos descalços
Lá temos a plenitude

Aos nossos filhos
Futura geração dos nossos sonhos
Só espero que tenham o mundo inteiro como tivemos
Que tenham ainda mais
Que não precisem sofrer tanto por coisas inúteis
E que sofram muito...
Muito mesmo pelas úteis
Para que elas nunca percam seu valor

Somos os piratas
Somos os rebeldes
Por mais que estejamos quietos
Sabemos quem somos
E não nos misturamos
Poucos que restaram de um outro tempo
De uma outra compreensão
De uma outra lei
Somos a lei do nosso mundo
Conquistaremos o que for possível
Faremos de tudo
Para voltar para casa
Como quem traz a cabeça do inimigo a segurando pelos cabelos

Talvez na caminhada
Encontremos alguém
Algum desgarrado
Um dos nossos
Digno de confiança
Enxergaremos nos olhos
E nos sonhos
Andando descalço
Trepando nas arvores como macaco
Subvertendo toda a lógica

E já tendo escrito muito
Preciso dormir
As coisas não estão fáceis
A quem muito recebe
Muito será cobrado
Recebemos toda a felicidade do mundo
Por isso somos tão cobrados
Pagamos com o suor do dia-a-dia
Não sabemos vencer de outro jeito
E á quem ler esse poema ou esse tratado
Chamem como preferir
Que achem o que quiserem
Nós não provamos nada que não seja para nós mesmos
Todo povo tem sua nação
Somos a nossa nação
Nosso território não tem fronteiras

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