Na periferia do esquecimento
a pátria é uma mãe ingrata
Na periferia dos esquecimentos
os talentos são perdidos
na terra que não nega
a miséria é o espelho de uma nação,
um espectro de ilusão
de um sorriso sem dentes
Na periferia dos esquecimentos
sustentando a repressão
pagando caro pra receber um não
não pedimos que nos descem nada
não pedimos carros ou casas na capital federal
só não queriamos que roubassem a nossa chance
que deixassem nos ir atrás dos nossos sonhos
mas essa mãe nunca foi boa..
e no final,
uns podem e outros não
Aqui na periferia
pagando com humilhação
tendo medo de quem recebe pra proteger
servidos não fomos,
esmola dada á contra gosto
de quem acredita no trabalhador vagabundo
uma nova classe essa
criada só aqui
á do trabalhador vagabundo
se é um paradoxo não sei
mas assim são chamados
os que recebem um auxílio miséria
que não é mais do que obrigação
dada aos escravos da plantação
escondidos no sertão
apagados da realidade pintada
em novelas de ficção
Há tempos que os filhos dessa nação se perdem em desespero
há tempos que eles são os problemas enquanto podiam ser a solução
potenciais desperdiçados em cada esquina..
nos enssinaram a amar esse país
convenceram que todos erámos irmãos
que eramos iguais perante a nação
e assim permanecemos calados
ganhando cobertores no natal
vendo outdoors de feliz ano novo
já bem antes da eleição
feliz não sei pra quem
copacabana é um outro país
não é aqui !
Não somos irmãos
não comemos na mesma mesa
uma farsa que precisa acabar
em um poema rude
com poucas rimas
e talvez até bem senso comum
só pra dizer
que não somos irmãos...
Não nascemos da mesma mãe
nem tivemos os mesmo privilégios
minha vida não é novela
nem tão pouco as dos que compartilham
não o meu sangue
nem tanto o meu suor
que dei sorte e pude estudar
mas minha furia
indignação
Não...
suas famílias são outras
e não devemos gratidão
chegada á hora
não serão chamados para confraternização
nossa festa será á portas fechadas
para convidados que sempre estiveram de fora
ou foram os penetras
de uma outra ocasião
talvez esse tempo nunca chegue
mas a luta é dia-a-dia
não se perdendo no percurso
levando o discursso
uma história de um povo
que vê as coisas bem diferentes
que as lentes de uma câmera