domingo, 29 de janeiro de 2012

Que Deus me perdoe

Queria gritar
Desespero
Não sei por quê
Minha vida é boa
Meus dias são felizes
Um pombo até me escolheu
Pra cagar em mim
É
Não é tão ruim assim
Meus dias são animados
E depois da chuva
Sempre posso caminhar
Pra lugar nenhum
Sentindo o povo nas ruas
Comendo um pastel
Em uma feira livre
Gosto de não me sentir ninguém
Ou melhor
Gosto de me sentir só mais um
Pelas ruas
Toda aquela ignorância
Fugindo de não sei o que
Sei que aquele não é meu lugar
Por mais humilde que seja
Por mais que queira ser um deles
Não sou
Não sou e não sou
Não sou do povo...
É preciso encarar a vida
A realidade
Levantar a cabeça e enfrentar o mundo
Aquela música que finjo gostar
Não agrada meus ouvidos
Não entra na alma
É um pouco de soberba eu sei...
Tento me infiltrar
Tento conversar com a menina
Com a mulher
Seus olhos derramam esperança
Mas não falamos a mesma língua
E eu... Não sou tão simples assim
Um burguês...
Burguês de merda, e que Deus me perdoe!

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