sexta-feira, 30 de abril de 2010

Mais que uma canção

Queria que ficasse mais

Que uma canção bonita

E a saudade

De um tempo que não volta

Mais do que a lembrança

De dias que acabaram

Queria acabar meus dias

No tempo que se foi

Queria não ter

Virado a esquina errada

Nem ter trazido comigo

Anotações de outra época

De ventos que já não batem mais

Voltei em casa

Tudo tinha mudado

Não fui reconhecido

Mas guardo a memória dos sons

Das tardes que chegavam devagar

De corrermos descalços nas ruas

Com ou sem asfalto

Um outro tempo

Consumido por fantasmas infelizes

Dispersos em desejos banais

Que venderam suas almas

Em troca de perder a eternidade

E se condenar ao material

São canções

Que não deveria ter trazido

Atormentando lembranças

Reconstruindo sonhos

De uma época

Em que eu consumia os minutos

E tudo o que me cercava

Como parte de algo

Que respirava sozinho

Os segundos me consomem agora

Sou o pedaço de um plástico

Que a terra expulsa

Não se recordam

E nem eu sei

Qual foi a esquina errada

Mas ainda guardo

Uma última canção

Para não dizerem

Que tudo se perdeu

Que já nada me pertence

Pois sou ainda

Como o pó dessas estradas

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