Queria que ficasse mais
Que uma canção bonita
E a saudade
De um tempo que não volta
Mais do que a lembrança
De dias que acabaram
Queria acabar meus dias
No tempo que se foi
Queria não ter
Virado a esquina errada
Nem ter trazido comigo
Anotações de outra época
De ventos que já não batem mais
Voltei em casa
Tudo tinha mudado
Não fui reconhecido
Mas guardo a memória dos sons
Das tardes que chegavam devagar
De corrermos descalços nas ruas
Com ou sem asfalto
Um outro tempo
Consumido por fantasmas infelizes
Dispersos em desejos banais
Que venderam suas almas
Em troca de perder a eternidade
E se condenar ao material
São canções
Que não deveria ter trazido
Atormentando lembranças
Reconstruindo sonhos
De uma época
Em que eu consumia os minutos
E tudo o que me cercava
Como parte de algo
Que respirava sozinho
Os segundos me consomem agora
Sou o pedaço de um plástico
Que a terra expulsa
Não se recordam
E nem eu sei
Qual foi a esquina errada
Mas ainda guardo
Uma última canção
Para não dizerem
Que tudo se perdeu
Que já nada me pertence
Pois sou ainda
Como o pó dessas estradas
Nenhum comentário:
Postar um comentário